Soft Monuments

SOFTMONUMENTS2

Uma árvore nunca é só uma árvore

Exposição e Intervenções de Exterior

Galeria Painel e Jardim do Carregal

Mestrado em Arte e Design para o Espaço Público

 

Cronograma:

Abertura Momento #1 – 20 de Junho – 19h Jardim do Carregal / 20h Galeria Painel

Corte da Sequoia – 1 e 2 de julho – Jardim do Carregal

Abertura Momento #2 – 10 de Julho – 18.30 Galeria Painel

Locais:

Jardim do Carregal

Cristiana de Sousa, Joanna Wilczynska + Adélia Santos Costa, Maike Jungvogel, Joana Abreu

Galeria Painel

Propostas colectivas e individuais: Adélia Santos Costa, Alícia Medeiros, Bruno Moreira Silva, Cheng Ching-Yu., Cristiana de Sousa, Joana Abreu, Joanna Wilczynska, Lauris Vitolins, Maike Jungvogel, Maja Molinek

Registo video: João Brojo, David Sobel, Felícia Teixeira

Eventos e Conversas:

Programação a divulgar oportunamente.

[PRESS INFO]

“Soft Monuments”, uma árvore nunca é só uma Árvore

Face ao imperativo de abate de uma árvore morta, centenária, do Jardim do Carregal (Carrilho Videira) – uma sequoia gigante (Sequoiadendrom giganteum) – a Câmara Municipal do Porto lançou um desafio à Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (através do Mestrado em Arte e Design para o Espaço Público) para concepção de um projeto artístico, a implementar no local, capaz de, simbolicamente, dar destaque à vida deste emblemático exemplar.

Na cidade do Porto existem, neste momento, apenas dois outros indivíduos da mesma espécie, sendo que um se encontra em terreno privado (Jardins de Serralves) e o restante, no Jardim João Chagas (vulgo Jardim da Cordoaria). Esta última foi plantada em 1867, por ordem de Alfredo Allen e tem neste momento uma altura de 26,3m e 1,5m de diâmetro do tronco. Também nos Jardins do Palácio de Cristal chegaram a existir alguns destes exemplares, que foram definhando e morrendo, com o tempo.

A sequoia gigante do Jardim Carrilho Videira vinha a apresentar uma acelerada sintomatologia de irreversível declínio, assumindo agora 25,8 m de altura, um diâmetro do tronco de 1,18 m e mais de 150 anos de idade. A sua morte é, efetivamente, uma grande perda no património arbóreo da cidade do Porto. Tendo em conta o seu valor e carácter emblemático, o Município do Porto reconheceu o interesse no aproveitamento da sua madeira para construção de um elemento simbólico, capaz de recordar presença secular da árvore na cidade. Simultaneamente será plantada uma nova Sequoiadendrom giganteum no local, cuja presença se espera poder vir a contribuir para recordar e sublinhar a importância da árvore no contexto urbano da Cidade do Porto.

O desafio lançado à Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto foi abraçado com grande entusiasmo e dedicação pelos alunos do 1º ano, resultando, em um primeiro momento de estudo da árvore e do seu contexto, na organização de um workshop de carácter prático aberto ao público, intitulado “Uma Árvore Nunca é só uma Árvore” e posteriormente, vindo a integrar uma série de atividades desenvolvidas, com vista ao fomento do espírito de cooperação na intervenção em espaço público, em aproximação do diálogo artístico e científico, de forma sustentável e pluridisciplinar.

Este projeto permite reforçar as conexões entre a Universidade do Porto/Faculdade de Belas Artes, enriquecendo a experiência de aprendizagem dos seus estudantes, com várias instituições, para além da Câmara Municipal, através do seu Pelouro de Inovação e Ambiente e da PortoLazer, do balleteatro com a integração de propostas de performances de alunos no Festival de Performance Urbana Corpo+Cidade, e, finalmente, a Galeria Painel, sediada no Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, que efetuou um convite ao Mestrado para a realização de uma exposição intitulada “Soft Monuments”, que terá uma componente de exterior no próprio Jardim do Carregal e outra no seu espaço expositivo na Rua das Taipas (Cordoaria).

O desenvolvimento do projeto foi organizado em duas fases primordiais: antes e depois do abate da Sequoia.

Na primeira, além do estudo do contexto em que a árvore se insere, pretende-se uma articulação com o público que usufrui do Jardim e da sua circundante. Deste momento fazem parte uma série de intervenções de carácter temporário que têm procurado gerar um entendimento do processo de inevitável abate e do significado do elemento-árvore em espaço público. Esta fase integra vários eventos, desde os já mencionados workshop e integração no Festival Corpo+Cidade, à instalação de 4 intervenções de carácter temporário no próprio jardim em conjunto com a exposição na Galeria Painel, com inaugurações previstas para 20 de Junho.

Pretende-se ainda que o abate, a ter lugar nos primeiros dias de Julho, seja um evento participado, acompanhado por várias ações artísticas que sensibilizem e envolvam o público, evento sobre o qual será realizado um documentário.

Na fase após o abate da Sequoia a exposição na Galeria Painel será transformada no seu segundo momento para albergar simbolicamente a própria árvore e o documentário do seu abate, bem como vários trabalhos dos alunos que evidenciam o processo artístico na análise do contexto e criação das intervenções tanto temporárias, como com carácter perene, esta última a ser escolhida e implantada num futuro próximo, assim deixando a memória da Sequoia consubstanciada no Jardim onde ela habitou durante mais de um século.

“Soft Monuments”, exposição e intervenções de exterior, terá momentos de conversa e reflexão crítica sobre questões ecológicas e sociais relacionadas com o espaço público, sobre as intervenções artísticas de carácter relacional e contextual, a dimensão social e política da arte, e outras que venham a demonstrar-se oportunas e a ser programadas.

A Galeria Painel resulta de uma parceria estabelecida, desde 2012, entre o ISPUP – Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto e a FBAUP – Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, com o objectivo de estimular a exibição regular de reportório de matriz pluridisciplinar, realçando uma ligação entre a Arte e a Saúde Pública, embora nem sempre seja exposta a olho nu. Desta forma, o ISPUP assume-se como o parceiro primordial da Galeria Painel, disponibilizando não só o espaço físico de Galeria, como também prestando apoio à produção e promoção das exposições realizadas.

Participantes:

Adélia Santos Costa, Alícia Medeiros, Bruno Moreira Silva, Cheng Ching-Yu , Cristiana de Sousa, Joana Abreu, Joanna Wilczynska, Lauris Vitolins, Maike Jungvogel, Maja Molinek. Documentação video: João Brojo, David Sobel, Felícia Teixeira

Coordenação:

Gabriela V. Pinheiro, Miguel Costa, Norberto Jorge

Parceiros:

Coordenação – Universidade de Porto, Faculdade de Belas Artes, Mestrado em Arte e Design para o Espaço Público

Exposição – Galeria Painel (Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto)

Festival – Balleteatro

Workshop – The Academy of Urbanism, UPtec

Apoio – Câmara Municipal do Porto, Pelouro de Inovação e Ambiente, Porto Lazer

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Soft Monuments

“Place has no fixed boundary but is, like th(e) body, self-transcending and dynamic—enclosed and enclosing.” Thomas Brockelman

A prática artistica contextual opera, desde há décadas, em várias frentes e âmbitos, das intervenções em espaço público com carácter relacional e/ou político à chamada Institutional critique, pela mão, por exemplo, de artistas como Hans Haacke e o casal Gerz, ou ainda Rirkrit Tiravanija, Marjetica Potrc ou Thomas Hirschhorn. Por outro lado, para entendermos os modos de aceder a um certo sentido de lugar, enquanto parte de um dado contexto, podemos servir-nos de múltiplas abordagens por inúmeros autores, da geografia ao urbanismo (de David Harvey a Edward Casey e tantos outros). Interessou-nos neste projecto e interessa neste pequeno texto, primordialmente, perceber que agir sobre um dado contexto requer, de facto, que suspendamos a ideia que temos do que é um lugar e rever a ideia que temos de que qualquer objecto que nesse lugar se inscreva nele reside simplesmente, mas antes que dele depende e a ele devolve processos e sentidos e devires.

O Mestrado em Arte e Design para o Espaço Público, articulando âmbitos disciplinares diversos, como a arquitectura paisagista, o design em diferentes especificidades, a performance ou a instalação, pretende posicionar-se num espaço de cruzamento entre aquelas ou outras áreas em que a prática artística possa debruçar-se sobre a experiência estética originária e simultaneamente despoletadora de uma atenção a um dado contexto, social, relacional, institucional, ou artístico.

“Soft Monuments”, a exposição na Galeria Painel expandida para um conjunto de quatro intervenções de exterior no Jardim do Carregal, mostra trabalhos de alunos do 1º ano do Mestrado em Arte e Design para o Espaço Público e cumpre-se também numa série de conversas e momentos relacionais em torno das questões que a necessidade de abate de uma árvore centenária, uma sequoia gigante (Sequoiadendrom giganteum),  naquele jardim despoletou.

O projecto partiu de um convite lançado pela Câmara Municipal através do Pelouro de Inovação e Ambiente, à Faculdade de Belas Artes, especificamente ao MADEP, para trabalhar aquela necessidade abordando-a nas suas diversas vertentes, desde a importância do elemento arbóreo no espaço da cidade, ao fenómeno cultural e histórico da transladação de espécies vegetais entre continentes, ao contexto social que habita o jardim, ao seu uso e recuperações, à necessidade de acompanhar o impacto social que o corte de uma árvore de grande porte sempre implica, tendo como horizonte a médio prazo deixar uma marca perene que assinalasse a vida e o desaparecimento daquela árvore.

Ao mesmo tempo que a experiência de aprendizagem dos estudantes é enriquecida por um projecto com uma dimensão real, do ponto de vista institucional o projecto permite reforçar as conexões entre a Universidade do Porto/Faculdade de Belas Artes, com as várias instituições envolvidas, para além da Câmara Municipal, através do seu Pelouro de Inovação e Ambiente e da PortoLazer, do balleteatro com a integração de propostas de performances de alunos no Festival de Performance Urbana Corpo+Cidade, e, finalmente, a Galeria Painel, sediada no Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, através da realização desta exposição, que tem, como se disse, uma componente de exterior no próprio Jardim do Carregal e outra no seu espaço expositivo na Rua das Taipas (Cordoaria).

O projecto foi desenvolvido em duas fases primordiais: antes e depois do abate da Sequóia. No primeiro, além do estudo do contexto em que a árvore se insere, pretendeu-se uma articulação com o público que usufrui do jardim e da sua circundante. Deste momento fazem parte a série de intervenções de carácter temporário que procuraram gerar um entendimento do processo de inevitável abate e do significado do elemento arbóreo em espaço público.

Na Galeria Painel estão patentes propostas e projectos que derivaram do processo de estudo daquele contexto, da própria árvore e do que representa o seu abate.

A violência do corte de uma árvore de grandes dimensões é considerável. É um evento de uma enorme dureza e convoca sempre uma reacção social. Em regra, o corte de árvores no espaço público é controverso, mal compreendido, ou talvez insuficientemente acompanhado. Com este projecto pretendeu-se tornar o abate inevitável num evento participado, permitindo que as várias acções artísticas sensibilizem e envolvam o público. Após o abate a exposição na Galeria transforma-se drasticamente para albergar simbolicamente a própria árvore e o documentário do seu abate.

As obras dos alunos evidenciam o processo artístico na análise do contexto e criação das intervenções, tanto temporárias como com carácter perene. Permitem consubstanciar uma memória intangível, uma série de relações sociais fugazes mas que sempre retornam; permitem assinalar um passado em movimento para um futuro prospectivo, que possa embora possuir uma intenção redentora do uso daquele jardim, tem acima de tudo o benefício de manter viva, no sentido daquele lugar, uma árvore que morreu. Precisamos de monumentos que representem a fluidez das nossas vivências, a sensibilidade pelo que vive, a minúcia do que é susceptível. Procurámos gerar um sentido plural que envolvesse as pessoas num espírito de responsabilidade pelo património arbóreo, ainda assim não abdicando de celebrar uma irreverência própria da experiência artística.

Um sincero reconhecimento a todos quantos permitiram que este projecto existisse, em particular ao Pelouro da Inovação e Ambiente por ter compreendido que questionar as dinâmicas do universal e do particular, do individual e do colectivo, trabalhar sobre as marcas presentes que assinalam práticas culturais passadas, pensar a sua projecção para um enriquecido relacionamento entre cada indivíduo com cada lugar e com todos os outros que nele inscrevem a sua passagem, é precisamente aquilo que instiga um sentido colectivo de pertença, um genuíno sentido de cidade.

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Contextual artistic practice operates, for decades, on several fronts and areas, from interventions in the public space with relational and/or a political nature to rhe so called Institutional critique, by the hand, for example, of artists such as Hans Haacke and the duo Gerz, or Rirkrit Tiravanija, Marjetica Potrc or Thomas Hirschhorn. Moreover, to understand the modes of access to a sense of place, as part of a given context, we may take use of as multiple approaches by many different authors, from geography to urbanism (David Harvey, Edward Casey and many others). In this project and this small text we took interest, primarily, in the understanding that acting on a given context requires, in fact, that we suspend the idea we have of what a place is and that we review the idea that any object that is inscribed in a place in it simple resides, but rather that it depends on and to it returns senses and processes and becomings.

The Master of Art and Design for the Public Space, connecting various disciplinary areas such as landscape architecture, design in different specificities, performance or installation, intends to position itself in the interlacement between those or other areas in which artistic practice can look into the originary aesthetic experience that simultaneously triggers attention to a given context, social, relational, institutional, or artistic.

“Soft Monuments,” the exhibition at the Gallery Panel expanded to a set of four outdoor interventions in the Jardim do Carregal, presents works of students in the 1st year of the Master of Art and Design for the Public Space and will also include a series of conversations and relational moments around the issues that the necessity to slaughter an ancient tree, giant sequoia (Sequoiadendrom giganteum), in that garden triggered.

The project started with an invitation launched by the Municipality through its Pelouro of Innovation and Environment, to the Faculty of Fine Arts, specifically to MADEP, to work around that ncecessity, addressing it in its various forms, from the importance of the tree element in the city space, the cultural and historical phenomenon of the transference of species between continents, the social context that inhabits the garden, its use and requalifications, the need to monitor the social impact that the cutting of a large tree always implies, having at a medium-term horizon to leave an enduring mark that would signal the life and disappearance of that tree.

While the learning experience of students is enriched by a project with a real dimension, from the institutional point of view the project helps to strengthen connections between the University of Porto/Faculty of Fine Arts, with the various other institutions involved, beyond the City Hall, through its Pelouro of Innovation and Environment and PortoLazer, of Balleteatro with the integration of performances proposed by students in the CORP+CIDADE, Urban Performance Festival, and finally, the Painel Gallery, based in the Institute of Public Health University of Porto, through the realization of this exhibition, which has, as stated, one outdoor component in the garden of Carregal and another on its own exhibition space at Rua das Taipas (Cordoaria).

The project was developed in two main phases: before and after the slaughter of the Sequoia. In the first, besides the study of the context in which the tree is inserted, it was intended to articulate with the public that uses the garden and its surroundings. A series of temporary interventions that sought to generate an understanding of the inevitable slaughter process and the significance of the tree element in public space, are part of this first moment.

In the Gallery Painel are patent proposals and projects that derived from the process of study of that context, the tree itself and what its fell down represents.

The violence of cutting down a large tree is considerable. It is an event of enormous toughness and always propels a social reaction. Generally, the cutting of trees in the public space is controversial, misunderstood, or perhaps insufficiently accompanied. This project intended to turn the inevitable slaughter into a participated in the event, allowing the various artistic actions to sensitize and involve the public. After the cutting down of the tree the exhibition in the Gallery changes dramatically to symbolically house the tree itself and the documentary of its slaughter.

The works of students demonstrate the artistic process in the analysis of the context and setting of the interventions, both temporary and with a perennial nature. They allow to susbtanciate an intangible memory, a series of social relations, fleeting but always returning; they allow a past point in motion to a prospective future, and although they may have a redemptive intention for the use of the garden, they aim above all to the benefit of keeping alive, in the sense of that place, a tree that died. We need monuments that represent the fluidity of our experiences, the sensitivity for the living, the detail of which is susceptible. We sought to generate a plural sense that would involve people in a spirit of responsibility for the arboreal heritage, yet not abdicating celebrating the irreverence proper to the artistic experience.

A sincere appreciation to all who have allowed this project to exist, particularly to Pelouro of Innovation and Environment, which has understood that by questioning the dynamics of the universal and the particular, the individual and the collective, by working on the marks that in the present indicate past cultural practices, and to think its projection into an enriched relationship between each individual with each place and all others who that in it pass, is precisely that which instigates a collective sense of belonging, a genuine sense of the city.

Gabriela Vaz-Pinheiro, June 2014

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poiesis_thumb

Cristiana de Sousa, Cúpula

Intervenção de exterior. Impressão digital de grande formato.

Outdoor intervention. Large format digital print.

400x300cm

Jardim Carvalho Videira (Carregal

“O que vemos não vale – não vive – aos nossos olhos senão pelo que nos olha. Inelutável é porém a cisão que separa em nós o que vemos do que nos olha. Seria pois necessário voltar a partir desse paradoxo em que o acto de ver não se manifesta senão ao abrir-se em dois.” (Didi-Huberman).

Quando fixamos um objecto, há parte dessa matéria que nos faz sentir que o nosso olhar nos é devolvido. Nesta interacção, quase que involuntária, existe uma parte de nós que se sente perturbada por se sentir observada por algo que em muitos casos, seria incapaz de olhar de volta. A árvore, que é mais do que apenas isso, reveste-se de histórias narradas, por aqueles que por ela passaram.

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“What we see is not worth – do not live – only by looking in its eyes. But the split is inevitable that separates us in what we see in looking. It would therefore be necessary to return from this paradox in which the act of seeing is not manifested only by opening in two. “(Didi-Huberman).
When we fix an object, there’s a part of that object that makes us feel as if our gaze is returned to us. In this interaction, almost involuntary, there is a part of us that feels disturbed by feeling observed by something that in many cases, would be unable of looking back. The tree is more than just that, it is covered with stories narrated by those who passed by it.

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Tree_compilation_capas

Maike Jungvogel,Uma linha de luz – A line of light

Intervenção de exterior. Tecido branco, ferragens.

Outdoor intervention. White fabric, metal fixings.

Dimensões variáveis | Dimensions variable.

Jardim Carvalho Videira (Carregal)

O conceito de “Uma linha de luz” trata do valor histórico da luz e das actuais condições do Jardim. A Sequóia morta é uma chamada a lembrar as pessoas o valor das árvores e espaços verdes na cidade. Ao chamar a atenção para a perda daquela árvore rara, em breve desaparecida para sempre, a intervenção opera como um sinal, ao mesmo tempo iluminando o espaço através da cor branca que nos conduz pelo jardim. A base da ideia remonta à técnica tradicional de cuidar das árvores com linhas de cal chamada caiação. A Caiação de troncos de árvores ainda é usada em pomares e foi commumente, durante muito tempo, uma parte necessária do cuidado com as árvores. Por forma a apoiar a ideia de protecção, cada árvore no Jardim é abraçada por uma banda de tecido branco que a cobre em parte como um curativo de gaze. A linha, uma ligação visual entre as árvores enfaixadas no jardim, será apenas perceptível de um único ponto, tornando-nos conscientes que cada árvore conta e tem um papel importante na criação da atmosfera de um lugar.

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The concept of “A line of light” deals with the historical value of light and with the current local conditions in the Garden. The dead Sequoia tree is a call to remind people to be more aware of the value of trees and green spaces in the city. By highlighting the loss of the rare tree, soon to be gone forever, the intervention works as a signal. At the same time it will brighten up the space through the white colour that leads through the garden. The foundation of the idea goes back to the traditional technique of caring for trees called whitewashing. Whitewashing is still commonly used in fruit orchards and has always been a necessary part of tree care for many years. In order to support the idea of protection, every tree will be wrapped in a white fabric that covers a part of the bark like a bandage. The line, a visual connection of the wrapped trees in the garden, will only be seen from one perspective, thus making one aware that every tree counts and plays an important role in creating a place’s atmosphere.

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Tree_compilation_capas

Joanna Wilczyńska (com/with Adélia Santos Costa), Wrapped Tree – Leaning RED

Intervenção de exterior, tecido.

Outdoor intervention, fabric.

Dimensões variáveis| Dimensions variable

Jardim Carvalho Videira (Carregal)

Wrapped tree é uma referência à propostas de projecto Leaning RED que pretendeu criar um memorial e uma marca de território para o Jardim do Carregal. A proposta tomou a posição da Sequóia, que se inclina para um dos lados enquanto as restantes árvores tendem a estar na vertical, e procurou contrariar o seu desaparecimento através do uso da cor vermelha em referência à cor da madeira daquela árvore que é de tonalidade avermelhada. O lago faz-se presente, reflectindo a forma geométrica como reflectiu a Sequóia por de um Século. Uma memória da árvore, uma ligação ao céu, um reflexo que desce na água como o mastro no solo, realçando um sentido de pertença àquele lugar.

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Wrapped tree is a reference to the project proposal Leaning RED which was meant to create a memorial and a landmark for the Jardim do Carregal. The proposal took the position of the Sequoia tree, which leans sideways whilst all the other trees tend to be vertical, and attempted to counteract its disappearance through the use of colour red in a reference to the colour of the sequoia wood which has a reddish hue. The pond makes itself present, reflecting the geometrical shape as it did the Sequoia for more than a Century. A memory of the tree, a link to the sky, a reflection going down into the water as the pole goes down into the ground, highlighting a sense of belonging to the place.

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Tree_compilation_capas

Joana Abreu, Reflexos Urbanos – Urban Reflections

7 Espelhos, contraplacado maritimo, ferragens, elástico.

7 mirrors, plywood, metal fixings, elastic.

30x30cm cada espelho | each mirror.

Jardim Carvalho Videira (Carregal)

Reflexos Urbanos pretende chamar à atenção para a dinâmica citadina em torno do espaço do Jardim do Carregal.  O movimento constante, enquanto apenas alguns elementos se mantêm estáticos. A imagem que vemos a partir dos espelhos colocados nas árvores difere à medida que nos aproximamos– é o reflexo de uma realidade agitada fora do parque. Trazer alguma dessa movimentação ao parque através do despertar da curiosidade é o objectivo a que este trabalho se propõe, associando entre os espelhos uma linha óptica, relacionando-se uns com os outros, como estivessem a observar todos os nossos movimentos.

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Urban Reflections intends to draw attention to the urban dynamics surrounding the Carregal Garden. The constant movement, while certain elements remain static. The image we see from the mirrors placed on the trees changes as we approach – it is the reflection of an stirred reality outside the park. To bring some of that movement by wakening the passer’s by curiosity if the purpose of this work, generating between the mirrors an optical line that connects them, as if they were observing our every movement.

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Fortune Cookie Project1

Cheng Ching-yu (com/with Cristiana de Sousa, Joanna Wilczynska, Maja Molinek, Maike Jungvogel)

“Bon Appetit” / The fortune cookie project

Objecto instalado e bolinhos comestiveis, acrílico, farinha, açúcar e ovos, tiras de papel.

Installed object and edible cookies, acrylic, flour, sugar and eggs, paper strips.

30x30x60 cm

Galeria Painel / Performances Jardim Carvalho Videira (Carregal)

 Uma caixa de acrílico transparente flutua no espaço como uma obra de arte numa galeria. Está cheia de bolinhos da sorte que são inseridos na galeria de arte disfarçadamente. Estes bolinhos têm a missão de levar uma mensagem às pessoas. Um fragmento da árvore mas não a árvore ela mesma. O visitante acede à mensagem através de uma acção de recolha do fundo da caixa. É um objecto que funciona também como uma referência temporal. Comemos e acedemos à mensagem. Comemos e tornamo-nos parte dela. Bom apetite! Os bolinhos serão também distribuídos ao público no próprio Jardim em momentos de acções performativas específicas em torno da Sequoia, como por exemplo o corte dos ramos e durante o abate.

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A transparent box floating in the space posing as a gallery-like art piece. It is filled with fortune cookies inside that are thus brought into the art galley in disguise. Those cookies have the task of bringing a message to people. A fragment of the tree but not the tree itself. People get the unknown message through an action like drawing from the bottom of the box. It’s an object which functions also a reference about time. You eat and you get the message. You eat and you are part of it. Bon Appetit! The cookies will also be distributed to the public in the garden in specific performative moments around the Sequoia, such as the cutting of the branches and later during the fell down of the tree.

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leaningRED

Joanna Wilczyńska, Leaning RED

Instalação, fitas de tecido.

Installation, fabric strings.

150×60 cm, altura variável | height variable

Galeria Painel

Leaning RED pretende mostrar a relação entre objectos que parecem semelhantes a um primeiro olhar, introduzindo uma disrupção pela diferença por forma a provocar o olhar e a atenção. A instalação aresenta um grupo de linhas verticais simples, que referenciam uma representação das árvores no jardim. Todas posicionadas verticalmente, enquanto uma se inclina. O segundo factor de disrupção é cor. O vermelho salta da uniformidade das filas de negro. Esta tonalidade ansiosa sublinha intensamente a diferença e coloca o objecto em primeiro. Como diz Bernard Tschumi: “O vermelho não é uma cor, é um conceito.”

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Leaning RED intends to show the relationship in between a group of objects that may seem similar at a first glance, introducing a disruption through difference in order to provoke our look and attention. The installation presents a group of very simple vertical lines, which recall a representation of the trees in the park. All of them are placed vertically, while one is leaning. The second factor of disruption is colour. Red jumps out of the even rows of black. This anxious hue is strongly underlining the difference and putting the object in the foreground. As a Bernard Tschumi sad “Red is not a colour, is a concept”.

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Bruno Silva, Fall and Fly

Ferro, gelo/água e papel.

Iron, ice/water and paper

75x51x71cm

Galeria Painel

 

O projecto partiu da necessidade de sinalizar o aquecimento global e do sentimento de vulnerabilidade que é próprio a toda a humanidade actual. A ligação com o Jardim do Carregal, efectiva-se não só pela água utilizada na peça de galeria mas também pelo facto de aquele ser um local de grande afluência de trânsito em contraste com o jardim. Fall and Fly, é um trabalho que procura dar visibilidade aos fluxos da água, através do descongelamento de um sólido de gelo até à evaporação do seu estado líquido. A água usada é extraída do lago do jardim do Carregal e procura imprimir em suporte físico o desenho deste percurso quase poético da água, como uma narrativa dos processos de descongelamento e da evaporação.

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The project departed from the need to address global warming and the feeling of vulnerability proper to all humanity today. The connection with the garden is done through, not only the use of the water from the pond in the gallery piece, but also because that is a place of great traffic flow in contrast with the garden itself. Fall and Fly, is a piece that attempts to give visibility the fluxes of water, from thawing to evaporation of its liquid state. The water used is taken from the pond and attempts to imprint in the physical base a drawing of this route nearly poetic of the water, like a narrative of the thawing and evaporation processes.

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Alícia Medeiros, “E a árvore era feliz…?”

Intervenção de mídia digital

Digital midia intervention

Galeria Painel/Jardim Carvalho Videira (Carregal)

feliz…?”*  é uma instalação interativa que utiliza um jogo urbano de ‘caça ao tesouro’ como plataforma (Geocaching). O projeto pretende marcar a retirada da árvore sequoia-gigante do Jardim do Carregal, trazendo o público a visitar e interagir com o Jardim que foi sua morada na cidade do Porto durante mais de um século, através de um processo lúdico. Além disso, a instalação tenta contestar nossa relação com estes seres que nos provém tanto, incondicionalmente, mesmo em um ambiente urbano muitas vezes hostil à sua essência.

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Making an analogy to the children’s book “The Giving Tree” (Shel Silverstein), “And the tree, was it happy …?“* is an interactive installation that uses a ‘treasure hunt’ urban game as a platform (Geocaching). The project aims to highlight the removal of the giant sequoia tree from the Garden of Carregal, bringing the public to visit and interact with the garden which was its home in the city of Porto, through a ludic process. In addition, the installation tries to challenge our relationship with these beings that much provides for us, unconditionally, even in an urban environment that is often hostile to their essence.

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Adélia Santos Costa, “Alguém te escreve”

Arame de alumínio preto

Black aluminium wire

Dimensões variáveis. Dimensions variable.

Galeria Painel

O uso da palavra escrita é o tema principal para a transmissão de algo que permanece imperceptível e implícito na árvore Sequóia-gigante e no ser humano. A partir de leituras realizadas sobre a obra de Jacques Derrida (1988), em “Che cos’è la poesia?”, surgiu o interesse de criar frases escritas, que proviessem de citações da obra deste autor. “Alguém te escreve” quis explorar o potencial da palavra escrita – portadora de um rasto de existência – dando-lhe um lugar privilegiado.

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The use of the written word is the main theme for the transmission of something that remains invisible and implicit in the giant sequoia tree and in human beings. From readings on the work of Jacques Derrida “Che cos’è la poesia?” arose the interest in creating written sentences, quotes that were derived from the work of this author. “Alguém te escreveSomeone writes you” wanted to explore the potential of the written word – carrier of a trace of existence – giving it a privileged place.

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Joana Abreu, Cheng Ching-Yu, Maja Molinek, Lauris Vitolins,Tree Skin

Pasta de papel, 8 fragmentos

Papier maché, 8 fragments

Dimensões variáveis. Dimensions variable.

Galeria Painel

A Sequoia Centenária, um dos elementos mais fortes do Jardim Carvalho Videira (Carregal), tem uma presença muito expressiva devido a, além do seu tamanho e desenho entrelaçado dos ramos, a sua casca muito texturada. Funciona como um depósito de eventos, biológicos e sociais. A sua textura é bem definida, um sinal da sua história, uma narração de experiências. TreeSkin procura preservar e transferir esta textura por camadas, deixando um vestígio tangível.

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The century old Sequoia, one of the strongest elements in Jardim Carvalho Videira (Carregal), has a very expressive presence due to, besides its size and entwined drawing of its branches, a strongly textured bark. It works as a deposit of events, biological and social. Its texture is well defined, a sign of its history, a narration of experiences. TreeSkin attempts to preserve and transfer this layered texture and leave a tangible trace behind.

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Cristiana de Sousa, Memória Clara

Cartão canelado, 4 espelhos

Cardboard, 4 mirrors

150cm x 20cm x 240 cm

Galeria Painel

As memórias, são imagens audazes que tentam sobreviver. São sobretudo imagens que relatam a morte de algo ou de alguém, ou até mesmo de alguns acontecimentos, para que perdurem. A morte é um acontecimento que enquanto imagem garante um lugar permanente na mente de cada indivíduo, e talvez por isso é que ela, enquanto não sintoma, é uma imagem que tendemos a temer ou a esquecer. A ideia da morte está associada a imagens que, para além de vislumbre efémero têm a capacidade de se transformar e garantir uma sucessão de outras imagens/espaço na memória. Mas as memórias são também ilusões. Vão e vêm no pensamento em busca de uma realidade passada, de uma reminiscência de algo que foi ou de que ainda continua a ser aos olhos de quem a vê. O periscópio enquanto instrumento óptico permite alcançar diferentes prismas pelo desvio do olhar, como também de criar uma relação não apenas entre o espectador e o ambiente que o envolve, como também pela inclusão da imagem-memória no objecto e no espaço.

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Memories are audacious images which try to survive. They are mainly images that narrate the passing of something or of someone, or even a few happenings, to make them last. Death is an event that, as an image, ensures a permanent place in the mind of the individual, and that is perhaps why, when it not a symptom, it is a picture that we tend to fear or to forget. The idea of death is associated with an image that, beyond a fleeting glimpse, has the ability to transform and secure a succession of other images/space in memory. But memories are also illusions. They come and go in order to search for an ancient reality, reminiscent of something that was or still remains in the eyes of the beholder. The periscope as optical instrument allows to achieve different prisms by deviating the gaze, it also creates a relationship, not only between the viewer and the environment that surrounds him or her, but also by the inclusion of the memory-image in the object and in space.

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Adélia Santos Costa, Acumulações

Impressões fotográficas digitais

Digital prints

Diversas medidas. Several dimensions.

Galeria Painel

“A imensidão está em nós. Está presa a uma espécie de expansão do ser que a vida refreia, que a prudência detém, mas que volta de novo na solidão. Quando estamos imóveis, estamos além: sonhamos num mundo imenso.” (G.Bachelard)

Poderemos pensar que, na mente do ser humano, as possibilidades e probabilidades de se produzir imagens são infinitas, numa imensidão de mundos de uma existência real e imaginária. A fotografia como objecto, ela mesma. Um objecto em reverberação infinita, reprodutível e acumulável sobre si próprio, mas recusando a qualidade própria da fotografia: a visibilidade.

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“Immensity is in us. It is attached to a sort of expansion of being that life refrains, prudence retains, but that returns again with solitude. When we are immobile, we are beyond: we dream in an immense world.” (G.Bachelard)

We may think that, in the human mind, the possibilities and probabilities to produce images are infinite, in a vastness of worlds of real and imaginary existence. Photography as an object, in itself. An object of infinite reverberation, reproducible and made into layers onto itself, but refusing photography’s proper quality: visibility.

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Lauris Vitolins, Silence

Madeira

Wood

22x10x21 cm

Galeria Painel

Agora o silêncio é tão impossível enquanto fenómeno natural! Em toda a parte à nossa volta a todo o momento, o que é que acontece com o som que acontece? Muitos de nós ouvem música em auscultadores, criando o seu próprio ambiente sonoro. No meu trabalho, ofereço ao ouvinte madeira silenciosa, uma referência à quietude íntima de uma árvore.

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Now silence is just as impossible as a natural phenomenon! Everywhere around us all the time, what happens to the sound that happens? Most of us listen to music on headphones, creating their own individual sound environment. In my work, I offer the listener a quiet wood, a reference to the inner stillness of a tree.

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Participantes | Participants: Adélia Santos Costa, Alícia Medeiros, Bruno Moreira Silva, Cheng Ching-Yu , Cristiana de Sousa, Joana Abreu, Joanna Wilczyńska, Lauris Vitolins, Maike Jungvogel, Maja Molinek.

Registo video | Video Register: João Brojo, David Sobel, Felícia Teixeira

Coordenação | Coordination: Gabriela V. Pinheiro, Miguel Costa, Norberto Jorge

Parceiros | Partners:

Coordenação | Cordination – Universidade de Porto, Faculdade de Belas Artes, Mestrado em Arte e Design para o Espaço Público

Apoio | Support – Câmara Municipal do Porto, Pelouro de Inovação e Ambiente, Porto Lazer

Exposição | Exhibition – Galeria Painel (Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto)

Festival – Balleteatro

Workshop – The Academy of Urbanism, UPtec

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Geo Tags:

Galeria Painel – Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, Rua das Taipas, Porto

Jardim Carvalho Videira (Carregal)

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Press: SoftMonuments